Efêmero

Sem hora nem dia certos, apenas chega. Na ruazinha do lado de casa, buzina seu carro preto – o mesmo carro preto. Jamais hesito, sequer penso. Num átimo estou perto, junto, ofegante, suplicante. Braço apoiado no encosto do banco do carona, carrega um sorriso maroto e olhar vívido. O paletó está aberto, o nó da Leia mais… »

A intensa jornada de uma mente ansiosa

Leio um livro, uma narrativa prazerosa. Estou dentro da história, bem distante da realidade e de repente o coração acelera. Dá uma acelerada bruta. Dois segundos e logo começa a voltar ao normal. Mas não retoma a normalidade esperada. A respiração é alterada; o diafragma não se mexe. Tiro os olhos do livro, recosto-o no Leia mais… »

Graciana Perpétua

O dia não tem nada de especial, não se trata de data comemorativa, aniversário, nada de significativo no calendário. De repente, uma aparição surge de um dos cantinhos da memória: uma senhorinha magra e alta no fundo do quintal, com uma das mãos às costas, na altura da cintura, e a outra acenando. O coquinho Leia mais… »

Vestido de saco

Estavam na moda roupas confeccionadas em tecido de algodão, chamado pano de saco, branco. Antes de cortar o modelo, a costureira alvejava ainda mais, porque a peça deveria ser bem branquinha. Confeccionavam-se de tudo: shorts, calças, vestidos, batas, camisetas, bermudas e calças masculinas. A menina tinha nove anos e se apaixonou pela novidade. Os olhos Leia mais… »

Sim, nós precisamos do feminismo

Muita informação não está clara, outras tantas circulam de modo distorcido, milhares não alcançam a quem deveriam de fato alcançar. E a pergunta que se repete com frequência: “Feminismo pra quê?” Há quem não queira mexer nessa massa por medo de desandar, afinal, tem poder demais em jogo e, pode parecer estranho, mas há, sim, Leia mais… »

Catarina

Sou Catarina Medeiros. Tenho noventa anos. Viúva, mãe de quatro filhos, treze netos, três bisnetos. Moro sozinha na estância que construí com meu marido. Por aqui, hoje, só eu e três empregados na casa, que a mantêm em ordem e a mim, até que finalmente, se houver mesmo esse Deus em que tantos acreditam, que Leia mais… »

Epitáfio em três versos

Onofre foi enterrado às nove horas de uma manhã fria e chuvosa. Alberto, ante o lóculo onde deixaria para sempre o amigo, sentiu a tristeza comprimir o peito. Não pela separação sem retorno, mas pela despedida em dia tão feio. “Onofre merecia partir com céu claro, de azul límpido, sol manso e brisa perfumada”, pensou. Leia mais… »