Pé de não sei quê

E o maldito pé de não sei quê enfim pendeu de vez, mortinho. Arqueou o tronco fino lentamente, perdendo sua força; tentou apoiar no muro, mas minha vontade que virasse um molho de folhas secas pareceu vencer o que lhe restava de viço. E ali está: acabado, sem chance de voltar a assombrar minhas lembranças Leia mais… »

Cama e mesa

A repórter se ajeitou no banquinho de madeira rente ao chão, enquanto Dalmira tentava controlar o choro para continuar seu relato. Levava ao rosto o lenço gasto e parava o olhar, perdido, a mirar o passado. Na face cansada e velha, apesar dos quarenta e poucos anos, escorriam as lágrimas expressivas dos sentimentos de uma Leia mais… »

Marcha para longe de tudo

Desistiu da indigência e saiu. Lenço amarrado à cabeça, chinelos de borracha e uma bolsinha minúscula com documento e uns trocados. Botou os pés fora de casa, sem intenção de voltar ao inferno diário do tráfico, da polícia arrombando portas e vidas, da pobreza sem esperança, do isolamento imposto pelo resto do mundo. Perdera o Leia mais… »

Efêmero

Sem hora nem dia certos, apenas chega. Na ruazinha do lado de casa, buzina seu carro preto – o mesmo carro preto. Jamais hesito, sequer penso. Num átimo estou perto, junto, ofegante, suplicante. Braço apoiado no encosto do banco do carona, carrega um sorriso maroto e olhar vívido. O paletó está aberto, o nó da Leia mais… »